Penso que nem em sonho um filho
consegue enganar a mãe. Pelo menos, quando se trata de Dona Rosa e de Verinha.
Em plena tarde de segunda, no ' MERGULHO' que me permito depois do almoço, acabo de sonhar com a minha
Mãe. E no sonho eu tentava negar uma coisa que
estava a fazer. Não teve jeito. Ela, com uma frase certeira, me desmentiu.
Acordei envergonhada porque nunca
fui chegada a mentiras, principalmente
com ela, a minha Mãe- justo na hora que me atrevo a me defender com uma mentirinha, sou
descoberta. SEMPRE foi assim. Nem adiantava tentar. Dona Rosa conhecia que alguma coisa não estava no prumo pela
voz dos filhos, pelas frases gaguejadas, pelo jeito como a gente
ficava – pela soma de tudo, penso. E vi agora, em sonho, que continua não adiantando.
Ela já na está mais nesta vida há quatro anos, eu sou uma avó e, mesmo em
sonho, foi impossível sustentar uma mentira diante da minha Mãe.
Para completar a cena do sonho, acordo com a televisão ligada em um canal que me mostra o filho do jornalista Tim Lopes,
assassinado barbaramente há pouco tempo,
no Rio de janeiro, cuja vida vai virar
filme. Ele, emocionado, fala sobre o pai e, em determinado momento, diz: “ a
relação entre pai e filho não acaba com
a morte.”
Precisava ser exatamente na hora
em que me refazia da emoção que ainda me apertava o peito, sufocando qualquer
choro que quisesse se mostrar. Aliás, Minha Mãe que não era muito dada ao
choro, muitas vezes reclamava porque eu sempre chorava em situações que ela achava
que não havia por que chorar.” Por
tudo você chora”. Precisava
ratificar com a frase de Bruno Lopes- esse é o nome do rapaz - o que eu penso todos os dias. É mesmo uma relação
que não se acaba com a morte.
Aliás, no caso das mães, acho que elas nem
morrem.NUNCA!