segunda-feira, 3 de junho de 2013

Uma mentira e o sonho?

Penso que nem em sonho um filho consegue enganar a mãe. Pelo menos, quando se trata de Dona Rosa e de Verinha. Em plena tarde de segunda, no ' MERGULHO' que me permito  depois do almoço, acabo de sonhar com a minha Mãe. E no sonho eu tentava negar uma coisa que  estava a fazer. Não teve jeito. Ela, com uma frase certeira, me  desmentiu.

Acordei envergonhada porque nunca fui chegada a mentiras, principalmente  com ela, a minha Mãe- justo na hora que me atrevo a  me defender com uma mentirinha, sou descoberta. SEMPRE foi assim. Nem adiantava tentar. Dona Rosa conhecia que alguma coisa não estava no prumo pela voz dos filhos, pelas frases gaguejadas, pelo jeito  como a gente  ficava – pela soma de tudo, penso. E  vi agora, em sonho, que continua não adiantando. Ela já na está mais nesta vida há quatro anos, eu sou uma avó e, mesmo em sonho, foi impossível sustentar uma mentira diante da minha Mãe.

 Para completar a cena do sonho, acordo com a  televisão ligada em um  canal  que me mostra o filho do jornalista Tim Lopes, assassinado barbaramente  há pouco tempo, no Rio de janeiro, cuja vida  vai virar filme. Ele, emocionado, fala sobre o pai e, em determinado momento, diz: “ a relação entre pai e filho  não acaba com a morte.” 

Precisava ser exatamente na hora em que me refazia da emoção que ainda me apertava o peito, sufocando qualquer choro que quisesse se mostrar. Aliás, Minha Mãe que não era muito dada ao choro, muitas vezes reclamava porque eu  sempre chorava em situações que ela  achava  que não havia por que  chorar.” Por tudo você chora”.  Precisava ratificar  com a frase  de Bruno Lopes- esse é o nome do   rapaz - o que  eu penso todos os dias. É mesmo uma relação que não se acaba com a morte.

 Aliás, no caso das mães, acho que elas nem morrem.NUNCA!

quarta-feira, 3 de abril de 2013

Presente de Semana Santa !





Dias  de  reviver boas lembranças,  matar saudades de pessoas a quem se quer bem e  que a vida, pelas suas infindáveis e inexplicáveis razões, resolve afastar. Mas é   o passar do tempo mesmo que  rearruma esses encontros e  como eles  nos ensinam que   amizade é mesmo o melhor presente que Deus   ofereceu ao ser humano para ele viver nesse planeta.

 Como  descrever  os  momentos de felicidade  ao lado de pessoas como a ' minha mãe branca', Dona Zenóbia, que, do alto dos seus noventa e um anos, interage com  seus filhos, netos e bisnetos, parentes e  agregados, como eu, que  entrei na família  como colega de sala de uma de suas filhas, há exatamente cinquenta anos e ao longo desse tempo, mesmo com grandes intervalos  nos  momentos de convívio, me sinto   inteiramente à vontade para compartilhar com a família  a alegria de  passar dias no sítio onde vivem. Sair ali perto para comer um churrasco na casa de Solange, uma das minhas irmãs Pacheco, cujo filho Ramon fazia aniversário e rir muito,  beber uma cerveja gelada, enquanto planejávamos  a praia no domingo,  o que foi outro momento  bom demais.

Pequenas ações e  atitudes, como fazer  chá de erva-cidreira para dona Zenóbia, Mauricio e Cecinha , com folhas colhidas na hora ...  preparar  um  dos pratos do almoço de sábado e  receber  elogios  de todos pelo tempero ...  tomar um café da manhã na  varanda, regado a uma boa conversa sobre o  tempo de  adolescente passado   na casa do Jogo do Carneiro,  onde eles   moravam. Ali conheci  pessoas famosas do cinema  baiano, como Milton Gaúcho, Helena Ignez ( Tio José, irmão de Dona Zenóbia, era do universo do cinema - morreu esquecido do público ).  

A  emoção  de  dar e receber notícias dos amigos comuns, falar da  minha vida  e do que ela me reservou e aos meus irmãos- Dona Zenóbia citava um a um e pedia notícias- quem  já tem netos, quantos netos, quem continua casado, como e onde  vivem...   Tudo isso  sublinhado por muitas risadas e exclamações de surpresa, de alegria de satisfação , pela constatação de  que todos os nossos estão trilhando um caminho que  somente traz  felicidade a quem nos viu   crescer com todas as limitações que a vida nos trazia, mas, sobretudo, com  toda a dignidade  transmitida pelas lições dos nossos mais velhos, principalmente  as lições de Dona Rosa, a minha mãe. 

Falar sobre minha mãe sempre significa na minha alma um momento de  reviver a dor da sua ausência. E dessa vez não foi diferente. Olhar para Dona Zenóbia,  cega, com problemas de audição e  mobilidade, mas ali  presente, me conforta o espírito porque, de um modo muito intenso, ela também me educou,  me ensinou muito  sobre a vida que eu levava e sobre o futuro que eu poderia construir.

 Minha mãe, segundo o olhar de Dona Zenóbia e  de alguns dos seus filhos,  dava  sinais de ciúmes da minha intimidade com eles.  Naquele tempo, talvez, eu não visse ou não quisesse admitir, mas  quando   revejo algumas cenas do passado,  compreendo , hoje, que  elas poderiam ser movidas por esse sentimento. Afinal, eu , a mais velha das filhas, em quem minha mãe depositava tanta responsabilidade  e expectativa,  não poderia ser partilhada com  a mãe de uma colega, que  era  diferente  do nosso povo de casa - era  branca, evangélica,  com  outros costumes , outras histórias... mas com um coração de ouro, uma bondade  que se  concretizava na voz mansa,  na educação pela palavra, na aceitação de tantas situações difíceis, na fé em Deus, na certeza de que  a vida  é um presente. Como foram os  dias de  voltar  a casa do coração e viver felicidade.

    

Ceia nada santa

Passada a Semana Santa, ligação para algumas amigas.  Como  terão passado esses dias de  feriado? Uma delas  desaba a chorar. Não entendo o que se passa. Está sempre tão cheia de vida e alegria... Um desastre o seu almoço  de Sexta-feira. Um dos seus  parentes veio para estragar o encontro: Que vatapá mais doce... o que foi, botou açúcar   Isso é caruru ou é pirão de  quiabo? peixe   cozido no microondas? Eca !! Não há  quem aguente  tamanha afronta  na própria casa... Mas ela aguentou firme...  e  lembrando de todos os movimentos que  fizera para preparar  aquele banquete tão  menosprezado...  feira, supermercado,   arrumação da casa,  limpeza e organização da porcelana... Uma diária extra para  a  faxineira ...  A dedicação em selecionar e preparar  os pratos  que  agradariam fulaninha e beltrano...

Dizer o que ante  essa inusitada  queixa?  Muita coisa passa pelo  meu pensamento. Mas  continuo somente a  escutar minha amiga e me imaginar   em uma cena  assim. Reagiria de outra maneira? Ficaria em silêncio, fingindo uma alegria que  não estaria sentindo? Difícil  imaginar, mas com certeza,  a cena não se repetiria no ano que vem...  

 Novas semanas santas, novas formas de   celebração. Por que  tem que ser  com  esse tipo de parentes, para  mostrar que a família é unida,  feliz, todos lindos e  bons cristãos?   Quem merece essa farsa da  nada boa santa ceia?

 Graças a Deus,  nem todas as pessoas passam por isso. Para  a minha  amiga, penso que  resta mudar   a situação. Opções não  vão lhe  faltar. Difícil quebrar certos modelos da tradição - é verdade. Mas  não é impossível. Impossível é se manter  no lugar de sofrimento e aguentar  desaforo, má educação de alguém que, certamente, está com algum problema e o levou para a mesa de um  almoço que  deveria ter sido  de paz verdadeira.

 Cálice amargo nunca mais, amiga querida! Reaja! 

sexta-feira, 29 de março de 2013

QUINTA FEIRA MAIOR

Quinta -feira maior! Assim era chamada a quinta feira  da Semana  Santa em minha casa. Lembro-me que um mistério  pairava no ar nesse dia, junto com os afazeres   de preparação  da comida da sexta feira. Sentia medo até.  Não podia gritar, nem arrastar cadeiras, nem brigar com os meus irmãos,  nem deixar comida no prato, nem fazer má criação... tudo isso, minha mãe ensinava,  ofendia a Jesus... Que horror eu uma menina tão  pequena nesse mundo  dos segredos da fé mal explicada,  poderia ofender  a Deus com as  atitudes e comportamentos  que eram relevados no  meu dia a dia... Naquela semana tudo ganhava uma dimensão diferente que eu não conseguia entender ... São lembranças  de  quando eu tinha  cinco a seis anos, tenho certeza...

  Quando entrei na escola, a situação piorou . Entrou a noção de pecado ... aí  sim,  me sentia culpada pelo sofrimento de Cristo... e a imagem daquele homem magro, com as costelas aparecendo, pregado  em uma  cruz para me salvar era algo que  eu não conseguia processar. Tinha medo  e muito medo. Muitas mudanças ao longo desse tempo em que de  diferentes formas tenho celebrado a Semana Santa. Mas, devo confessar, ainda resta um quê de mistério , ainda partilho comigo mesma e com a menina que fui um dia e ainda sou algumas vezes, um pouco de medo daquele homem magro com um trapo sobre  a barriga e as pernas. Ele morreu para me salvar... a menina da minha  alma  ainda me pergunta: mas o que foi que eu fiz de tão grave para aqueles soldados, que conheci no filme, matassem aquele pobre homem?

Ficava confusa e , por que não dizer , ainda fico  tensa.  faço esforços conscientes para ser uma pessoa melhor, para aliviar o sofrimento daquele homem  na cruz que , hoje sei, está perto de mim,  multiplicado  na face de tantos que passam dificuldades inomináveis nesse mundo de meu Deus. Na minha face também

 Quinta -feira maior, véspera de  uma sexta feira que é Santa e que, como aprendi  desde criança, tem  que ser vivida de modo diferente.  No contexto de hoje ainda tento guardar um pouco do silêncio, estar perto dos que  acredito, gostam de mim, dos que têm os laços de sangue... Comer um peixe com eles, beber um  bom vinho ...

Nesta quinta-feira até fiz uma coisa, até então, inusitada, fui ao teatro.  uma programação especial pelo aniversário da cidade.  No meio  da apresentação de uma peça de Villa Lobos, de olhos fechados que estava,  me lembrei que era   a QUINTA FEIRA MAIOR e um sentimento. até agora ,indizível    me dominou por  alguns instantes.  como  se estivesse desobedecendo a os ensinamentos de minha mãe, que  já não está aqui  para me repreender ...

O tempo muda . Há muito tempo tenho mudado os festejos da Semana Santa. ligo radio, televisão, falo ao telefone, uso  o computador...Ainda não consigo ir´`a praia ou cair em uma farra sem medo de ser feliz. Fica um medo, um respeito. Uma reverência aos meus mais velhos, aos meus  filhos e irmãos, às pessoas que quero  bem  . Uma reverência à tradição. uma reverência  à VIDA!

domingo, 17 de fevereiro de 2013

Domingo de Carnaval e Afródromo


Domingo de Carnaval fui ao Campo Grande com minhas filhotas Manuela Maria Cristina Brito acompanhar o bloco idealizado por Carlinhos Brown para substituir o Afródromo que ele queria ver  pronto neste ano, mas  não deu. Ainda bem . Mais tempo para discussões que, espero, frutifiquem e possamos achar o melhor modo de assumir espaço e tempo no carnaval.

Penso em muitos pontos:o horário, por exemplo. Gostaria que a manhã de domingo continuasse a ter a beleza que foi o desfile dos blocos.  Uma multidão de pessoas bem acordadas, de bem com a vida e em paz , no  compasso do ijexá, soltando a voz e o coração  para reafirmar que ' estamos  aqui por toda cidade pagando em suor a felicidade...  A felicidade de um  sorriso negro, um abraço negro ...

Penso também  no solzão  de onze  horas que cozinhava nossos miolos., sem pedir  licença. Penso nas fantasias e roupas e adereços que caracterizam os blocos como Ilê, o Muzenza , o Malê e outros da mesma raiz . Vi componentes quase a desmaiar de calor debaixo dos panos lindos que vestiam seus belos corpos. Os músicos e percussionistas mal escondiam o cansaço ( a maioria havia desfilado no sábado à noite).

Penso em que um  trio elétrico  , quem sabe, desses que compram ou alugam lugar  na  fila ,logo quererá empurrar e espremer toda a beleza chegando atrás do nosso desfile, tentando abafar o som  dos  tambores e clarinas,   roubando o espaço das  danças coreografadas que as alas  ensaiam o ano inteiro para  trazer   às ruas ...

Penso que a gente merece o melhor espaço, o melhor tempo, a melhor cobertura de  jornal, rádio, televisões e internet, pois' o canto dessa cidade , quem é? 

  Quem invadiu a praia de quem? A resposta pode estar nos cofres cheios e nos cofres que nunca se enchem, mas, se há problema, o problema será o bloco afro enchendo a avenida de beleza, música da melhor qualidade, gente que vem mostrar o que há de mais bonito, mais representativo das crenças, culturas e tradições baianas?
 Temos ainda um ano e alguns dias . até o outro carnaval, que aqui  em salvador , vai começar oficialmente   em 27 de fevereiro.  Pode até parecer muito tempo, mas é quase  amanhã. 
 A gente pode até fazer como  foi feito agora, mas que merecemos  do bom  e do  melhor, merecemos.  Espero e até gostaria  de  que este  texto contribua , de alguma forma,  para que o sonho do Cacique e  de todos que   comungam com a sua ideia  se realize  e que  no ano que vem a gente   chegue mais  belos  ainda  no chão da praça.




Ainda sobre o carnaval: para pensar um pouquinho

   Alguma coisa está acontecendo no carnaval  de Salvador e  penso que a gente precisa prestar atenção ao que isso quer dizer. Refiro-me à presença nas ruas   e praças   de pessoas jovens que estão superlotando os espaços para seguir os blocos de percussão , charangas e  grupos que somente tocam  marchas, sambas e pagode. 

Pessoas  que, de acordo com o que dizem  os meios de comunicação, constituem o público fiel dos blocos de trios elétricos, aquela turma que  segue as chamadas  grandes estrelas dentro dos blocos,  na ' pipoca', nos   escassos e pequenos espaços onde  ainda é possível se aglomerar para vê-las.

Quarta- feira  de carnaval  Na Barra  era impactante observar isso.  O novo circuito, Sérgio bezerra, que vai do Farol até o Barravento, se não me engano, estava  lotado, mas lotado mesmo, de   gente jovem que,  enquanto esperava a atração principal da noite, a Banda Habeas Copo, fazia seu  carnaval, cada um do  seu jeito. 

Pequenos grupos que  desfilavam com camisetas produzidas com  o logotipo de alguma empresa, instituição ou fábrica. Grupos que faziam questão de  portar um cartaz ou faixa  com o nome da cidade  de onde  vinham - vi  Petrolina, Recife (esse era a animação  no sentido mais puro - faziam rodas, dançavam ciranda,  e cantavam músicas de outros  carnavais baianos e gritavam e bebiam e se beijavam e dançavam ...). Gente andando em todas as direções naquele incessante movimento  que caracteriza  o ajuntamento de multidões. 

Todos pareciam somente querer  brincar de ser feliz. Não vi sequer uma confusão. A polícia, que  estava ostensiva e pacificamente presente , ao que parece,não teve trabalho.

Saí por volta de duas horas da manhã  com a impressão de que   uma garante parte do pessoal mais novo parece dar sinais  de  cansaço  dos trios, das cordas, dos shows das estrelas, dos abadás 'da gente bonita', do percurso e do horário teoricamente  estabelecido.

Liberdade, liberdade para um carnaval sem medo de ser feliz,  sem a ditadura dos preços exorbitantes dos abadás, da mesmice das fantasias daqueles que se querem saber  musas e 'musos'... 

Pés no chão do asfalto, voz ao vento   das ruas e praças, parecia dizer a cara  da multidão de jovens que entupia livremente as ruas, e becos  da Barra naquela quarta-feira.

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

MUDANÇA DO GARCIA

Solzão de  queimar  a alma em plena manhã de segunda feira de carnaval na  principal avenida do Garcia. E  e eu  lá mais uma vez e vou que vou, sempre que  posso, e eu sempre posso ir  encontrar amigos, rever conhecidos,  colegas e ex-colegas, alunos  de hoje , de ontem e de outro dia. Pessoas queridas  que a vida tem me trazido como verdadeiros presentes nessa minha passagem por este planeta, que, espero, ainda demore muito e continue me proporcionando momentos como  os deste ano  na Mudança.

Ao sabor  das cervejas geladíssimas  que  o isopor de Maria guarda para seus fregueses de todo ano, botamos antigas lembranças para desfilar,  enquanto passam as charangas, as moquecas, os blocos, os mascarados e batuqueiros do bom samba que  nao deixa a gente  concluir nenhuma conversa.  Chega mais um com o seu grupo,    amigo ou colega de  alguém do  cordão .É bem chegado e fica e come e bebe  com a gente  e todos logo  parecemos amigos de infância- riso solto, um abraço, um brinde ao prazer de  estar ali e ser feliz até  paroano  nesse mesmo lugar , enquanto esperamos a hora de comer a feijoada que Soraia deve estar acabando de preparar para todos os que vierem.

A toda hora passa um tipo que  chama  a nossa atençao. Um senhor  fantasiado de  Papai Noel... Parece que 'o bom velhinho'  está aqui desde o Natal - preferiu  ficar no calorzão e, tomando umas cervejinhas, se esquecer das terras geladas de onde ele  diz que veio sem nunca  ter estado lá ... Muito  curiosa a figura: sozinho , com uma pasta preta   na mão dança e segue  devagar  em direção ao Campo Grande, posando  a cada  passo para  ser fotografado, recebendo de bom grado mais uma latinha de cerveja de qualquer um que lhe  presenteie com  a loura gelada.



A maioria dos fantasiados que sobe e desce a avenida  são homens  vestidos de mulher. Tem  a Miss Triste Bahia, que faz um discurso  lamentando a situação politica e ambiental do nosso estado. Tem  as  'gostosonas da área'. Figuras curiosas que arrancam risos e piadas. trazem um colorido  especial e movimentam o cortejo que, não sabemos  bem porque  este ano  estava fraco.




Aliás, isso já vem acontecendo há mais ou menos  três anos. Um esvaziamento,  certa fragilidade nas  críticas tão esperadas e admiradas que, em tom jocoso ou até mesmo chulo, expunham situações   referentes à política, economia e cultura do nosso estado e do país. Depois, a proibição  da presença de  animais- jegues, burros  já não puxam  carroças, cavalos já não  desfilam com seus belíssimos arreios, trazendo cavaleiros fantasiados de reis e  príncipes.

 Mas a gente  continua   vindo fazer a Mudança e cada  ano vem mais gente. Nada de briga, nada de confusão.


A Mudança pode mesmo estar mudando, o que é natural. São outros tempos, outras pessoas, outros anseios e possibilidades, mas a nossa alegria se também está mudando é para melhor. Gente que fica mais velha, mais quieta, menos eufórica; gente nova , como os nossos filhos e parentes que  aprenderam a ir ver a Mudança com  a nossa geração e hoje vai que  vai, alguns levando os filhos.  essa gente querida que chega e  nos abraça na certeza de que  ensinamos a eles como se constroem e fortalecem laços no carnaval. Que  aprenderam e hoje ensinam que a Mudança é  carnaval de encontro,  de  paz, de alegria, de vida como merecemos e fazemos!